Primeiro texto da série é assinado pela escritora indígena Eliane Potiguara
Artigo publicado pelo periódico Folha de São Paulo, no dia 05 de maio de 2023. Confira aqui.
Com lançamento nesta sexta (5) na versão online da Folha e no dia seguinte na impressa, o projeto Mátria Brasil vai retratar mulheres, com seus protagonismos e suas lutas, que tiveram relevância ao longo da história do país, desde a invasão portuguesa até os dias de hoje.
Os textos serão assinados por algumas das mais importantes historiadoras e escritoras brasileiras, e terão publicação semanal ao longo de seis meses. A iniciativa tem apoio da Editora Contracorrente.
“Vamos contar uma história do Brasil em perspectiva decolonial [que propõe alternativas à produção de conhecimento sob a perspectiva eurocêntrica]”, afirma Patrícia Valim, professora do departamento de história da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e idealizadora do Mátria Brasil.
“O objetivo é subverter o repertório canônico da nossa história, elaborado ao longo do tempo por meio da parcialidade constitutiva da ideia de ‘sujeito universal’: homens brancos, heteronormativos e da região Sudeste.”
Valim coordena o projeto ao lado do jornalista Naief Haddad, repórter especial da Folha.
Ainda segundo a professora, “o apagamento e o silenciamento das lutas das mulheres no Brasil foram questionados apenas por um grupo pequeno de historiadoras que abriram os caminhos para nós. Esse recorte vai dialogar com a sociedade de maneira geral, fornecendo algumas hipóteses sobre a formação do Brasil atual”.
O primeiro texto da série é assinado pela escritora e ativista indígena Eliane Potiguara, que recebeu recentemente o título de doutora honoris causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O artigo trata das Icamiabas, guerreiras que mantinham uma sociedade matriarcal na região da Amazônia pelo menos até o século 16.
“O Mátria Brasil será uma ferramenta para o fim da sub-representação das mulheres na política institucional e para o combate das variadas formas de violência contra as mulheres brancas, negras, indígenas, trans”, afirma Valim, que vai escrever um texto por mês.
Os textos serão ilustrados por Mariana Waechter e Veridiana Scarpelli, que se alternarão ao longo dos seis meses.